Os Cristãos e a democracia.
Buscar na fé o fundamento para a ação política só pode ser suficiente para quem tem fé e, como o mundo também é composto pelos sem fé, seria muito importante que os cristãos buscassem fundamentar sua presença na política num tipo de principio que, sem contrariar a fé, não tivesse a fé como principio. Essa questão, no entanto, não existe para todos aqueles que a partir da fé propõem uma sociedade só para os cristãos, portanto, não democrática. Uma vertente autoritária ou liberal capitalista (acostumada a discriminar maiorias) tem condições de buscar na fé o fundamento para suas propostas e, na verdade, essas são as vertentes dominantes do pensamento cristão no passado e no presente...
Creio que a proposta de um sociedade democrática (radicalmente igualitária e participativa) é compatível com uma leitura do Evangelho, mas não é demais repetir que essa não tem sido a única leitura, nem a dominante. A questão, poratnto, não é disputar um lugar ao sol para a fé e os cristãos no terreno da política, ou sua supremacia, mas se perguntar como elaborar uma proposta democrática de sociedade onde cristãos e não-cristãos possam se encontrar.
E, nesse caso, o ponto de partidade é a democracia e não a fé.
Fonte: Cristãos Como Fazer Política - Ed Vozes 1987.
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